sábado, 19 de julho de 2008

Einhorn e Galante no Festival de Inverno em Friburgo

O gaitista Maurício Einhorn e o tecladista Dário Galante fizeram um grande espetáculo, ontem no Teatro do Sesc. É inacreditável o que apenas uma gaita e um teclado podem fazer a uma platéia atenta. Parecia que havia uma banda inteira no palco. Mauríco, que toca o instrumento desde os cinco anos, porque via seus pais tocando, elegeu a gaita como forma de expressão.
Em entrevista ao Posso Falar? Einhorn falou de sua alegria em tocar:
M.E. - Eu brinquei muito quando era criança: bola de gude, li gibi, assisti Hanna e Barbera, coisa que muita criança hoje não tem...
P.F? - Você leva a música a sério ou você brinca com ela?
M.E - Eu levo a música a sério e na brincadeira também, não é ironia, porque essa é uma palavra muito séria, eu levo a alegria de viver...
P.F? - A gente vê nos seus olhos uma criança quando você toca...
M.E. - É, a música me faz sentir criança. Eu fico transtornado e não consigo desobedecer a isso. Eu me sinto muito orgulhoso de saber fazer isso.
P.F? - Você que tocou em vários lugares do mundo...
M.E. - É, Nem todos os lugares...
P.F? - ...com vários músicos importantes, ícones da música...
M.E. - ... assim como um atleta, que chora ao ouvir o hino nacional lá no exterior, eu me sinto assim aqui em Friburgo. É como se estivesse aqui com meu pai e minha mãe vivos, como quando estávamos aqui no Sans Souci, na década de 40. Eu me emocionei de estar neste lugar.
P.F? - Vendo o show, com apenas um teclado e uma gaita, a gente percebe como eles se combinam...
M.E. - É, e talvez não desse tão certo se tivese baixo e bateria, mas é tamanha responsa um com o outro de encarar esse problema, que a experiência de cada um somado ao outro e a responsabilidade de dar isso direito ao público, fazem a gente sair feliz. É uma telepatia enorme.
P.F? - Você disse que estava tocando há pouco tempo com o Dário, né?
M.E. - O Galante está aí há 20 anos e eu o conheço há dez. Tocamos algumas vezes em casa, com Mauro Senise, não deu tão certo, porque a gente não se conhecia direito, mas musicalmente existe um elo chamado afinidade. Você percebe isso, porque eu brinco, faço piada, ele me entende, eu vou na dele, ele vai na minha...
P.F? - ...e o público vai na de vocês.
M.E. - ...é, você sentiu que eu não respeitei programa em hora nenhuma.
P.F? - Você elegeu a gaita aos cinco anos de idade...
M.E. - O meu pai e minha mãe tocavam gaita. Eu reclamei uma pra mim... P.F? - E você toca outro instrumento?
M.E. - Eu brinco um pouco no piano, só pra mostrar uma coisa ou outra, mas não toco piano.
P.F? - Você falou, no começo do show, que você estava com falta de ar. Foi o show inteiro assim?M.E. - Não, do meio pra frente eu melhorei. Eu sou meio claustrofóbico. Eu tenho enfisema pulmonar, adquirido nas boates. Durante dez anos fumei passivamente, depois que eu parei e eu estou conseguindo tocar, porque eu fui um excelente mergulhador e nadei até três anos atrás e o diafragma me faz lutar contra a lentidão do enfisema. E eu forço tocar. O meu médico diz que não faz mal, fortalece o coração e que a inércia é que prejudica. Você luta e você derruba o enfisema. Eu estou com enfisema desde 89 e parei de fumar em 79.
P.F? - E desde então você vem...
M.E. - Desde então, eu venho tocando ativamente e raramente eu sinto o que eu senti aqui, por causa do frio.
Fotos: Solange de Paula

Um comentário:

  1. O show foi incrível realmente!
    Eu fiz uma oficina com eles umas horas antes, são pessoas e músicos maravilhosos! Não é todo dia que se pode assistir a uma apresentação de Mauricio Einhorn em Friburgo. Ah! E o pianista, Dário Galante, em especial, é muito, mas muito bom. Um grande pianista de jazz. Ps: O cd dele é ótimo.

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