quarta-feira, 19 de março de 2008

Luciano Maurício, Saudade do Artista Amigo

Hoje me bateu uma enorme saudade de meu amigo querido Luciano Maurício, um artista plástico da maior expressão, que morreu ano passado, em Cotia, São Paulo. Ele era carioca e viveu em Friburgo durante muito tempo. Foi em 83 que o conheci, numa oficina de artes plásticas. Foi meu mestre e amigo. Foi amizade à primeira vista. Que figura incrível! Que obra igualmente incrível! Cabe a mim dizer que ele fez tudo para me ajudar. Se preocupava comigo, como se fosse sua filha. Era amor filial mesmo. Estava sempre aberto para me ouvir e conversávamos horas a fio, madrugada a dentro, sem percebermos que a noite havia avançado tanto.
Quando estávamos juntos, ouvia suas histórias sobre cenografia na Tv Tupi, sobre Di Cavalcanti, com quem partilhou atelier durante muito tempo, sobre suas aventuras, desventuras, amores, casamentos (foram vários), seu trabalho e por aí vai. Sempre irônico, sabia que morreria sozinho e não deu outra. Ligava sempre pra ele pra saber como estava e da última, fiquei com o coração partido. Sua voz emanava a dor que sentia e ele me disse o quanto estava sofrendo. Chorei muito por ele e por não poder estar com ele, pelo menos para segurar sua mão, dar o apoio que ele sempre me deu.
Foi nesse dia que fiz um poema dedicado a ele:


Meu melhor amigo vai morrer.
Ouvi hoje sua voz de lamento,
de quem não quer falar,
uma voz acamada,
que anuncia a morte.
Meu melhor amigo está longe
e eu nada posso fazer daqui,
mas sinto sua dor,
aquela de quem está partindo.
Ele fez tanta coisa por mim,
que mal posso citar tudo.
Proporcionou-me o conforto
que só um grande amigo pode dar.
Estou partida
em pequenos gomos de tristeza.
Toda minha alma chora
nos acordes de um baixo.
É como se um poema
nunca mais tivesse a chance
de ter um ponto final,
que somente ele poderia dar.
Meu amigo vai embora
e levará com ele a sua pintura,
seus textos, suas piadas,
suas ironias, seu sarcasmo.
Leva também minha lástima
de nunca mais poder conversar,
gargalhar, ouvir música,
comer um doce turco.
Ver qual seu próximo trabalho,
sua mais nova sacada,
o amanhecer, o anoitecer.
Ele levará seus segredos
partilhados comigo,
sua delicadeza,
sua maneira peculiar de ver a vida.
Meu melhor amigo Luciano
deu-me o seu melhor,
sua sabedoria, sua experiência,
sua bondade, seu coração fraternal.

4 comentários:

  1. OI SÔ, LEMBRA QUE LUCIANO TE CHAMAVA DE CIGARRA E EU DE FORMIGUINHA? ENTÃO CONTINUAMOS AS MESMA, VC CANTANDO E ALEGRANDO, E EU TE PROTEGENDO DOS INVERNOS. VC ME FAZ CHORAR QUANDO LEMBRO DO NOSSO AMIGO QUERIDO. PARABÉNS IRMÃ

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  2. saudade do Luciano!
    Grande Artista!
    Amoroso, engraçado, divertido, irônico, intelectual, meu primeiro mestre...
    saudade de nossos encontros em Tiradentes.
    Do Pedro Meyer

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  3. Luciano foi meu compadre,batizou meu filho,Pedro.Ele tinha uma solidariedade escancarada e ao mesmo tempo uma fina ironia.
    E era muito amigo da Ana Rosa,outra singular criatura,das mais encantadoras que conheci.E que também se foi.
    Dupla saudade...

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  4. g alves
    Conheci e trabalhei com Lucino Mauricio em 58, na TV Continental, Rio. depois veio para Sampa trazido por Campelo Neto, cenografo. Foi para Embu trabalhar com artes. Foi autor da decoracão do quarto centenario de são Paulo. TENHO, AINDA FOTO DELE e que faz parte de meu arquivo de trabalhp.

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