sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A censura da Arte

Tarefa difícil é falar da tênue fronteira que separa a arte, a realidade e a censura. A arte percorre lugares por onde os homens comuns não passam, não vêem. Mexe com o inconsciente, onde são armazenadas lembranças, anseios, medos, raivas, alegrias e por aí vai...O artista toca esse lado profundo e faz despertar sensações adormecidas. Desloca para o front, as imagens que estão submersas e faz dela um composto de cores e formas.
Na passarela do samba, a arte se mistura à realidade e o quê uma escola de samba pretende vender? Ela é considerada arte? Se é, deve ser livre, certo? Que abordagens podem ofender a alguém? Pode ter o papel da denúncia social? Se é, não deve ser livre? O que pretende uma escola de samba, então? Falar da felicidade? Fazer o povo brincar, sorrir, cantar, chorar, impactar? Se é isso, não deve ser livre?
Que barreiras éticas devem limitar a arte do samba? Quando é que um tema desenvolvido por uma escola de samba pode ofender as religiões, ao ser humano? A denúncia ofende? A quem? Expôr as feridas sociais ofende? Pegar as marcas das dores inerentes à história da humanidade e suas tantas carnificinas deveria ofender apenas aos que as praticaram, aos que tentam esconder embaixo do tapete do esquecimento os sofrimentos impingidos.
A arte pretende também denunciar, a exemplo de Rubens Gerchman, Siron Franco e muitos outros. A arte também pode mostrar a dor em sua cor, em sua forma, seja ela qual for. Há uma censura a castrar a arte.
Não sei que impacto causaria o carro alegórico da escola de samba Unidos do Viradouro, que foi proibido e destruído debaixo de lágrimas de seu criador. A censura também causou impacto. Perde a arte!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça aqui seu comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails